Uma fissura é só uma fissura? Um corpo é só um corpo? Uma pintura é só uma pintura?
“Delírios da Construção” traz, para mim, novas possibilidades de olhar sobre algo, alguém ou alguma situação, percebendo outras perspectivas e narrativas. As impressões que temos são apenas um lapso da história, assim como os lugares de protagonismo e antagonismo.
Deste modo, qual função é dada a um corpo sem cabeça? Qual narrativa você dá a ele?
Enquanto feminino e racializado, as nuances e consequências são outras.
Sem cabeça, mãos e pés.
Os efeitos das violências que encontram esses corpos são reprimidos e sufocados, causando fissuras, que em um primeiro momento, podem parecer irreversíveis. Tal qual uma rachadura na parede, encobrir com massa corrida não resolve a causa do problema. Mascarar fissuras físicas ou emocionais nos dão a ilusão de uma normalidade inexistente: por baixo dos panos sabemos que a realidade é outra, e escancarar essas situações é algo cada vez mais emergente.